Uma cultura ética não negocia seus valores!

Nos dias de hoje, a cultura organizacional se consolidou como um dos ativos mais valiosos das empresas. Se há algumas décadas o diferencial competitivo estava em fábricas, estoques e equipamentos, hoje ele reside nos ativos intangíveis – e a cultura está no centro desse movimento. Com tecnologia e capital cada vez mais acessíveis, a grande disputa entre empresas não se dá mais por infraestrutura, mas sim pela capacidade de atrair e reter talentos que impulsionem inovação e resultados.

No entanto, há um aspecto da cultura que diferencia aquelas que são verdadeiras daquelas que apenas seguem tendências: os valores. E, em um mundo onde a busca pelo lucro rege boa parte das decisões, muitas empresas negociam seus princípios para manter sua relevância no mercado.

Valores ou conveniência?
Não é difícil encontrar empresas que declaram comprometimento com determinados princípios, mas que os abandonam ou modificam rapidamente quando a dinâmica do mercado assim exige. Num primeiro momento, essas organizações se posicionam com firmeza em relação a determinados valores, seja na comunicação com clientes, seja nas diretrizes internas. Mas basta que as circunstâncias mudem – seja pela pressão de investidores, pelo comportamento do consumidor ou por fatores econômicos – e os valores antes defendidos são ajustados, minimizados ou até esquecidos.

Esse fenômeno pode ser observado em diferentes frentes, como ética empresarial, sustentabilidade, responsabilidade social e governança. Empresas que comunicam transparência, mas ocultam dados quando conveniente. Organizações que declaram compromisso com boas práticas, mas, em momentos de crise, abrem exceções que vão contra os princípios que diziam seguir. Em muitos casos, a empresa não age com base em valores reais, mas sim em estratégias para alinhar sua imagem ao que é mais rentável naquele momento.

Isso não significa que as empresas não possam evoluir ou revisar suas práticas. Pelo contrário, organizações precisam se adaptar ao tempo e às mudanças da sociedade. A questão central é que valores não podem ser pautados unicamente por interesses financeiros ou por uma necessidade de aceitação momentânea. Quando isso acontece, o que se vê não é uma cultura autêntica, mas sim uma tentativa de moldar uma identidade empresarial a partir da conveniência.

Valores não são moeda de troca
Uma cultura verdadeira não negocia seus valores, porque valores genuínos não são um acessório a ser trocado conforme a necessidade. Quando uma empresa define princípios para orientar suas decisões, esses princípios devem ser sustentados independentemente dos desafios e oportunidades do mercado.

Isso significa que, em algumas situações, uma organização pode enfrentar perdas financeiras por se recusar a adotar práticas que contrariem sua identidade. Mas a credibilidade e a consistência no longo prazo valem mais do que ganhos imediatos. Empresas que respeitam seus próprios valores constroem relações de confiança com clientes, colaboradores e investidores, e essa confiança se traduz em solidez e perenidade.

Afinal, cultura verdadeira tem preço, mas nunca está à venda.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *